domingo, 1 de novembro de 2009

Season Finale

Chegamos ao final da primeira temporada das aventuras de Mina e Phil pela Europa. Mas, como o blog, foi renovado, isso significa que a conquista do mundo está só começando. Portanto, continuem voltando ao blog e ficando de olho, porque quando vocês menos esperarem, começa a segunda e eletrizante temporada.

E para atiçar a curiosidade de todos e apetecer a leitura, como as séries de TV fazem com seus 'sneak peaks', preparem-se... a nova temporada começa numa ilha.

Ilha? Isso mesmo. Será que é deserta? Será que é habitada? Será que é romântica com a presença do francês-culto-sóbrio-ruivo? Ou será que não é nada disso?

Aguardem.

domingo, 4 de outubro de 2009

Olimpíadas

Com a disputa para ser a sede das Olimpíadas em 2016, por coincidência, Brasil e Espanha ficaram no foco do mundo todo, pela espera do resultado. Isso fez com que muita gente se perguntasse: e o Phil e a Mina, torciam para quem?

Pra começar, devemos dizer que o fato de estarmos na Espanha não significa que a gente se sinta espanhol. Pelo contrário, quanto mais a gente conhece os espanhóis, mais a gente não quer ser um. Mas... é fato que amamos a Europa, as facilidades, o estilo e a qualidade de vida europeus.

Enquanto no Rio era programada uma festa gigante na praia de Copacabana e uma expectativa louca tomou conta do país inteiro, na Espanha ninguém parecia falar muito sobre a disputa. A preocupação era mais com os assuntos do dia a dia - crise, acidente em estrada, desemprego, imigração. Ninguém comentava muito sobre a possibilidade de Madrid ser a sede.

Perto do dia do resultado, algumas notícias começaram a surgir e na véspera do anúncio os telejornais fizeram reportagens falando sobre como eram as candidatas - Chicago, Tóquio e Rio de Janeiro. Foram reportagens respeitosas e mostraram bem o que eram as cidades.

Finalmente, no dia do anúncio, a TVE espanhola transmitiu toda a cerimônia, como o Brasil também fez. Eu e Mina, alheios a tudo, passamos o dia em Alicante, resolvendo coisas de documentos, vendo um aquário em uma praça, tomando chope em uma cafeteria, vendo um filme espanhol no cinema, visitando uma livraria... esquecemos completamente que era o dia do resultado. Quando saímos do cinema e telefonei para minha mãe, ela contou a novidade: o Rio ia sediar os Olimpíadas.

À noite, no telejornal, a reportagem mostrava a alegria dos brasileiros que estavam em Madrid, sambando, bebendo cerveja, festejando com a bandeira brasileira. Espanhóis parabenizando o Brasil. Os espanhóis daqui, principalmente os mais velhos, reclamavam que Madrid "tinha a melhor estrutura, o melhor planejamento, mais segurança", etc. Mas na imprensa o que se fala é sobre a decepção do rei espanhol, que se sentiu "enganado" porque o presidente do Comitê Olímpico Internacional disse que Madrid tinha muitas chances e que a regra não-oficial de revezamento de continentes não iria influenciar na decisão. A decepção dos governantes espanhóis e dos atletas foi grande, mas em momento algum eles ofenderam o Rio ou disseram não ser merecido. Só achavam que Madrid merecia mais por ter uma candidatura "perfeita".

A verdade é que sediar as Olimpíadas era muito mais esperado e importante para o Rio do que para Madrid. Os espanhóis ficaram decepcionados, mas nem perto de como os brasileiros teriam ficado. E sem entrar em méritos de se achamos que o Rio deveria mesmo sediar ou não, devemos assumir que a nossa torcida era para... Tóquio.


sábado, 5 de setembro de 2009

Ocio español

Para tirar um pouco da teia de aranha aqui, mesmo sem muitos acontecimentos recentes, decidi fazer um post contando um pouco sobre cultura e entretenimento aqui da Espanha, para que vocês se familiarizem mais antes de virem nos visitar. E só para explicar o título: ocio, em espanhol, é "lazer".

MÚSICA

Aqui a Shakira bomba. Existe um canal espanhol no estilo da MTV chamado 40. A última vez que a Mina viu a parada dos mais pedidos, estavam cinco clipes da Shakira, um exagero completo, ainda mais quando ela faz um clipe cafona onde uiva que nem uma louca durante a música, que chama "Loba" (tem uma versão em inglês, mas aqui não toca).


Mas o hit do ano é um que eu e a Mina escutamos desde que chegamos e aprendemos a adorar. Todo mundo sabe cantar junto. É uma balada cafoninha chamada "Colgando en Tus Manos", um dueto entre os cantores Carlos Baute e Marta Sanchez (regravação de uma música solo dele). Vocês podem ver o clipe clicando aqui.

CINEMA

Os filmes aqui são mais ou menos os mesmos do Brasil, todos aqueles blockbusters americanos que enchem todas as salas. Filmes espanhóis são poucos, o último que esteve em cartaz foi o o novo do Almodovar, "Los Abrazos Rotos", que não deu muita repercussão. Alguns filmes chegam aqui antes do Brasil, outros chegam muito depois.

Mas o que realmente incomoda é o fato de todos os filmes serem dublados em espanhol, uma coisa cultural irritante. As séries e filmes que passam na televisão também são dublados. Em Madrid e Barcelona, dá para encontrar alguns cinemas com filmes legendados. Aqui perto, existem salas especiais onde você pode colocar o fone e ouvir o áudio original, mas não tem legenda.

Os problemas da indústria cinematográfica espanhola são parecidos com os do Brasil: o governo financia a maioria dos filmes, que não conseguem ser lançados sem leis de incentivo. Os cineastas reclamam que o público não prestigia o cinema nacional, o público reclama do preço do ingresso e fica uma discussão entre fazer um cinema de arte ou cinema comercial.

A propósito: o ingresso custa €5.50, mas quem tem tem o carnet joven paga €4.00. Imaginem agora a cara das pessoas quando eu conto com requintes de crueldade que o cinema no Brasil custa 18 reais. Aqui não existe meia-entrada para estudante, mas todos os europeus que tenham até 30 anos e moram na Espanha podem fazer esse carnet no banco e obter desconto em muitas coisas. Nos outros países é até 27 anos.

CELEBRIDADES

Achei muito engraçado quando descobri, mas os toureiros aqui são grandes celebridades. Existe um em especial, que não lembro o nome, que é o toureiro mais conhecido do país, por ser muito bonito. Vive aparecendo nas revistas e programas de fofoca, junto com ex-participantes do "Gran Hermano" (a versão hispânica do "Big Brother"), do "Operación Triunfo" (o "Fama" espanhol) e jogadores de futebol (principalmente Cristiano Ronaldo e Kaká). Pois é, aqui a gente também não se livra disso.

Penelope Cruz e Javier Bardem são grandes celebridades por aqui, amados e idolatrados. Todos querem saber se ela está mesmo grávida dele e uma coisa engraçada aconteceu no último Oscar: as pessoas se reuniram para assistir nos bares e como o prêmio ao qual a Penelope concorria foi o primeiro (e ela ganhou), o apresentador pediu no ar: "por favor, peço que todos continuem assistindo ao programa, mesmo com o momento esperado já ter passado".

TELEVISÃO

A programação da TV aberta é muito ruim. À tarde, tudo o que se vê são programas de fofocas sobre celebridades ou barracos com temas polêmicos. Familiar, não?! Também passam novelas e minisséries horrorosas. A RTVE, do governo, tem dinheiro e produz coisas bem-feitas, mas ainda assim os programas são bem ruins. Tem qualidade técnica, mas falta conteúdo. E exatamente no mês em que chegamos, foi aprovada a nova lei do audiovisual, que passa a proibir comerciais nas TVs públicas, o que aqui era permitido.

Os telejornais são bem diferentes dos brasileiros porque os repórteres são mais informais. Ainda que o tipo de linguagem seja o mesmo e as reportagens também sejam parecidas, algumas coisas destoam, como uma reportagem muito louca sobre as eleições, onde o repórter fazia piadas sobre a velhinha que não achava o título de eleitor, a música "Mamma Mia", do Abba, tocava como trilha sonora e a apresentadora do telejornal chorou de rir ao voltar da reportagem.

Além disso, os correspondentes usam roupas muito informais, como vestidos coloridos ou bermuda, alguns homens não fazem a barba ou têm cabelo comprido. Isso poderia ser interessante, mas eles são péssimos repórteres. Já o tipo de linguagem usada entre o apresentador do telejornal e os comentaristas é mais solta e íntima, coisa que estão começando a fazer no "Jornal Nacional" e como mais ou menos já acontece no "Jornal Hoje".

O mais interessante foi quando o âncora do principal telejornal vespertino da Espanha, Lorenzo Milá (na foto), ia deixar o cargo para ser correspondente em Washington. Ele se despediu do público e da comentarista de economia que estava com ele na bancada. Ela se despediu e começou a chorar, o que fez com que ele também chorasse dizendo "eu prometi que não ia chorar". A cena fica muito mais engraçada se vocês imaginarem o William Wack se despedindo do "Jornal da Globo" e a Miriam Leitão chorando por isso.

COMIDAS

Disso a gente já falou bastante. Tapas (petiscos), paellas e bocadillos (sanduíches) são as comidas típicas e é o que realmente todo mundo come. Os espanhóis também gostam muito de chá e bebem muita água. Até por isso a dieta mediterrânea é constantemente tida como a melhor do mundo.

DIALETOS

Além do castellano ou espanhol, que é a mesma coisa (e as pessoas brigam porque alguns dizem que castellano é só de quem é de Castilla e outros dizem que chamar o idioma de espanhol é coisa de gente inculta), existem os diversos dialetos da Espanha. O valenciano, que se asemelha ao francês, é falado aqui na Comunidade Valenciana, principalmente pelos mais velhos. Ele é praticamente igual ao catalão (apesar de eles falarem que é diferente), que é falado na Catalunha, inclusive Barcelona. Tem ainda o Vasco, do País Vasco, e o Gallego, da Galícia, que parece muito com o português de Portugal, a ponto de pensarmos que estavam falando português.

Bom, para um post qualquer até que ficou grande. Na semana que vem, esperamos receber a visita de um amigo que está fazendo intercâmbio em Valencia, então aguardem novidades. E já que encerrei falando de dialetos, uma despedida em valenciano: Segueix visitant, comentant i fins a la pròxima!

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Na pizzaria, tudo acaba em água

O melhor de se estar na Europa, creio, é ganhar em euro. Não só porque cada euro vale quase três reais mas também porque a vida aqui é muito, mas muito mais barata. Um exemplo: Todo mundo sabe que a água aqui é cara. Bom, uma garrafa de água mineral, daquelas grandes, no Brasil custa em média um real. A mesma garrafa aqui, na Espanha, custa 30 centavos. Com menos do dois reais saimos do supermerdado com um pacote de seis.
Nas últimas semanas eu tive a sorte de, mesmo sem documento, ser chamada para trabalhar na Pizzaria Liberty, onde a mãe do Phil, Margarida, é gerente. Detalhe: Se um fiscal me descobre, o José, dono da Liberty, paga uma multa de 10.000 euros porque como estou trabalhando ilegalmente, ele está economizando em impostos. A idéia de me chamar foi meio que induzida pela Margarida, na época da festa de Mouros e Cristianos, quando a pizzaria bate recorde de público e o José fica desesperado procurando alguém para ajudar.


Antes de mim ele contratou uma francesa que no fim do primeiro dia, pediu para sair. Sim, o trabalho é pesado. Servir mesas não é tão fácil como parece para quem está sentadinho tomando cerveja. São muitas horas em pé, carregando peso e andando de cima para baixo. Eu adorei. Já não aguentava mais ficar em casa à toa. E, sinceramente, o trabalho é cansativo mas não é impossível. Rola um pouco de frescura por parte do povo aqui na Europa, eles não são acostumados a trabalhar muito. O índice de desemprego está alto devido à crise, mas também tem uma galera que prefere ficar no paro (o auxílio desemprego daqui) do que pegar no batente. No paro, cada trabalhador tem direito a receber por dois anos 80% daquilo que recebia antes de ser demitido. Começa com esse valor mas vai diminuindo um pouco ao longo do tempo. Por isso que aqui todo mundo só fala de crise, mas a pizzaria está sempre cheia.

Pois é, eles não estão acostumados a trabalhar muito mas têm pavor dos estrangeiros que chegam todos os dias para "tirar os seus empregos". Numa pesquisa que vimos no telejornal daqui, para os espanhóis, o pior problema do país é a presença de imigrantes. Na pizzaria, só trabalha um espanhol, o Joaquin, que nasceu e cresceu em Villajoyosa.


Todos os outros, inclusive o dono, são estrangeiros. A maioria é de países da América Latina. Sendo que, dado interessante, a cozinheira, Tati, é da Lituânia. Ela trabalhava como engenheira em uma fábrica de carros, quando o seu país era comunista. Tati afirma categoricamente que a vida de todos era muito melhor naquela época, porque tinham comida, roupa e estudo. É claro que deve ser mais satisfatório ser engenheira do que passar o dia fritando batatas. Mas, com a queda do comunismo, as fábricas foram fechadas, ela perdeu o emprego e teve que vir para outro país para conseguir criar os dois filhos.


Eu, que não tenho que alimentar filho nenhum, e estou aqui meio que de farra, acho o trabalho na pizzaria super divertido. Para mim foi só vantagem, sair de casa, fazer alguma coisa nova, praticar o espanhol e ainda ganhar uma graninha, ou granona, são 50 euros por dia de trabalho. Tenho trabalhado aos sábados e domingos (dias mais difíceis de se encontrar um fiscal trabalhando), portanto, são 100 euros por semana. Dá para comprar mais de 300 garrafas grandes de água.


quarta-feira, 29 de julho de 2009

A grande batalha

À primeira vista, parecia que teríamos mais um carnaval: um grupo de homens passou vestido de mulher e mexeu com a Mina. Tudo indicava que a tal festa dos "Moros y Cristianos" seria nada mais que um bando de gente bêbada e fantasiada se pegando. Mas não foi bem assim.

Para começar, uma informação importante sobre a Espanha que ainda não havia sido compartilhada (porque até então tivemos sorte): as pessoas não "ficam", não se "pegam". Não existe isso de, em uma festa, como carnaval, um homem jogar um papo e beijar uma mulher. O que acontece é que os espanhóis entendem que o beijo é o começo do sexo. Então, se você beija um espanhol ou espanhola, isso significa - para ele(a) - que vocês vão transar. Por isso, é normal que você conheça alguém, converse, saia outras vezes e só depois de várias vezes é que vão se beijar - porque isso significa que vão fazer sexo.

Dito isso, voltemos à festa: o objetivo das pessoas é beber para... beber. Todos ficam bêbados,
dançando, cantando e andando em grupos.
Durante a festa, que dura cinco dias, existem kabillas, que representam as tendas antigas dos mouros, cristãos ou beduínos. Cada grupo se reúne em uma tenda - e todos têm definido, desde que nascem, se são dos mouros, cristãos ou beduínos, é tradição de família. Pode-se mudar, mas é muito improvável. E o curioso é que os espanhóis passam o ano todo com preconceito contra os ditos "mouros" (pessoas provenientes de certas regiões árabes), mas durante a festa é muito mais legal ser mouro do que cristão. Nessas kabillas, há bandinhas de músicas tocando a noite inteira e você passa por experiência parecidas com a do carnaval, como encontrar o gerente do seu banco completamente bêbado e dizendo "Holaaa Philippeee, que tal, hombre?". As mais legais eram as maiores: a do rei mouro e a do rei cristão.


Durante o dia, há o desfile. É interessante, mas quem já viu carnaval no Brasil, acha tudo mais ou menos. O primeiro dia é dos cristãos, que dura uma hora e meia, e o segundo dia é dos mouros (cujo desfile é infinitamente mais bonito e nos remete imediatamente a "Aladdin"), que dura duas horas e meia. Quando acaba, todos vão para suas respectivas kabillas para jantar. E depois de algumas horas, já de madrugada, as kabillas são liberadas e distribui-se bebida de graça para todos. Cada cidadão de VillaJoyosa que participa dessa festa desembolsa, em média, mil euros, sendo que mais da metade vai em bebida (para os locais e os turistas).



Agora vocês imaginam... todas as noites, o nosso destino era a rua, onde bebíamos (a Mina mais que o Phil), andávamos e... acabava por aí. Camila, nossa amiga brasileira de Villajoyosa, nos fez companhia todas as noites. E o momento alto foi no dia em que a Mina resolveu sacanear um espanhol depois de uma ideia brilhante do Phil, escolheu um e disse, em português: "Nossa, eu te levaria para casa e te fazia todinho!". Claro que a frase originou gargalhadas dos três e aconteceu o seguinte diálogo:

Espanhol: - Oi! Não ouvi o que você falou porque está muito barulho.
Mina: - Não foi por isso. Foi porque eu falei em português.
Espanhol: - E o que você falou para mim?
Mina: - Não posso dizer, desculpa.
Espanhol: - E por quê eu fui o escolhido?
Mina: - Porque tinha que ser alguém bonito.

E foi aí... que o espanhol correu. Sim. Ele c-o-r-r-e-u. Frouxo? Não. Espanhol.

Depois de noites e noite em claro e uma banda insuportável tocando as mesmas músicas o dia todo na janela de casa, chegou a grande noite do dia 28, quando acontece a encenação do
chamado "Desembarco Moro", que só acontece em Villajoyosa. Antes de falar do evento, um pouco de história para contextualizar:

Em 1538, os cristãos estavam acampados na costa espanhola. Inesperadamente, os mouros chegaram em seus barcos, à noite, e depois de desafiados pelo rei cristão, lutaram e tomaram o
castelo, conquistando assim o território espanhol. No dia seguinte, porém, já preparados, os cristãos atacaram e reconquistaram o terrotório, que ficou sob domínio deles.

O desembarco reconstitui a conquista dos mouros. São preparados barcos que levam os espanhóis que representam os mouros com suas fantasias, enquanto os que representam os cristãos ficam em tendas armadas na praia, comendo, bebendo e observando os barcos chegarem. Tudo começa por volta das 5 da manhã, quando alguns espanhóis, que interpretam os soldados, atiram (com balas de mentira, obviamente) contra os mouros. A platéia acompanha tudo da calçada em arquibancadas.



Como tínhamos credencial de imprensa, acompanhamos tudo bem de perto, da beira do mar,
misturando-se à encenação e aos repórteres e cinegrafistas profissionais, com direito ao repórter da TVE (a TV estatal espanhola, que possui diversos canais e é a mais importante do país) perguntando ao Phil quando a verdadeira batalha aconteceu. E como todos os outros jornalistas, tínhamos que vestir a túnica branca (ou casaca) para não destoar da encenação.

Com nossas câmeras amadoras, conseguimos registrar boa parte do desembarco todo e depois o Phil fez uma edição - em um program amador também (por isso, não reparem nas imagens tremidas ou cortes bruscos de áudio) - para que vocês possam ver um pouco do que é festa. O desembarco, sim, é algo completamente diferente de tudo que já vimos e uma festa incrível que vale a pena presenciar, algo da cultura espanhola e difícil de ser entendida por quem nunca viu de perto. Confiram o vídeo:



Fotos tiradas pela Mina:

Fotos dos desfiles:

Outras cidades espanholas realizam os desfiles e as festas em outros dias. Em Villajoyosa, a festa dos mouros e cristãos acontece antes da festa da padroeira, Santa Barbara, emendando uma festa na outra e garantindo uma semana inteira de folga.

E para finalizar: fomos desafiados aqui no blog a não sermos imparciais e assumirmos uma posição entre os mouros ou cristãos. A princípio, os mouros parecem mais interessantes. Mas a ideia de um mundo dominado por árabes islâmicos não parece muito interessante também. Foi aí que o Phil decidir ficar do lado dos beduínos. Eles não têm desfile, eles não participam do desembarco... foram renegados. Portanto, Phil é beduíno desde criancinha, o que originou o diálogo:

Phil: - Vou ficar do lado dos beduínos. Muito mais legal!
Mina: - Phil... você só quer ser do contra.
Phil: - Não, tenho muito mais a ver com eles, essa coisa de ser nômade.
Mina: - Desde quando você quer ser nômade?
Phil: - Ué, eu adoraria viver em Londres, Paris, Madrid, Nova York... só que em apartamentos confortáveis, quem disse que nômade precisa viver em acampamento?
Mina: - Ok, você venceu.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Festa à vista

A arquibancada colocada em frente à nossa casa já começava a denunciar. Os enfeites pela cidade e cartazes de "permanceremos fechados do dia 24 de julho ao dia 6 de agosto", também. E para completar, um homem que raspou um formato de lua nova no cabelo.

Começa nessa sexta-feira, uma das festas mais tradicionais da Espanha e cuja versão mais conhecida acontece exatamente em VillaJoyosa. Trata-se da Fiesta de los Moros y Cristianos, chamada simplesmente de Moros y Cristianos, que significa "Mouros e Cristãos".

Trata-se de uma celebração histórica, onde os habitantes de VillaJoyosa pagam uma taxa cara o ano todo, compram fantasias ainda mais caras (como no carnaval carioca) e desfilam fantasiados, cada um de um personagem (registrados no livro anual da festa) interpretando a clássica batalha, na praia, entre os dois povos.

Além disso, há comida e bebida por toda a cidade. E como nós dois somos quem somos, conseguimos hoje a nossa credencial de imprensa, o que dá acesso a todos os lugares da festa e que vai ser responsável pelo post-reportagem que vamos criar em breve.

sábado, 18 de julho de 2009

Estudiantes otra vez

Depois de nos recuperarmos da semana exaustiva (física e emocionalmente) em Madrid, nada melhor do que voltarmos à vida de estudante: aulas, estudos e novos amigos. A data do curso em que havíamos nos matriculado veio a calhar e assim fizemos "O Cinema no Século XXI: Profissão e Indústria", que começou na segunda e terminou na sexta.

A cada dia, um professor diferente dava uma palestra e uma oficina. O primeiro dia foi na Universidade de Alicante, que é grande e bem bonita. Para chegar até lá, um calvário que nos fez entender nossos amigos que moravam longe da PUC: acordávamos com o céu escuro, pegávamos o primeiro trem, que passa na estação às 6h52, e uma hora depois, chegávamos a Alicante. Lá, tomávamos o ônibus que vai para a Universidade e passa de 8 em 8 minutos, mas demora mais meia-hora até chegar. E claro que no primeiro dia nos perdemos dentro da faculdade e só nos achamos depois de um funcionário indicar e dar um mapa (e o Phil ainda conseguiu dar informação para um estudante perdido, que descobriu no mapa onde era o prédio de Direito).

A primeira aula foi uma palestra sobre direção de arte, com uma diretora excelente de um filme que assistimos aqui há duas semanas (já sabendo que todos os profissionais do curso tinham participado dele). Chama-se "Lucia y El Sexo" e está disponível no Brasil. É interessante, vale a pena ver (apesar de a gente não ter entendido algumas coisas porque não tinha legenda).



No intervalo, o momento engraçado ficou por conta de nós dois achando que o banheiro era unisex e comentando como a Espanha era moderna por isso. Até descobrirmos que na verdade todos os banheiros do primeiro andar eram masculinos e algumas mulheres desavisadas usavam assim mesmo (e a expressão dos homens ao ver mulheres dentro do banheiro era muito engraçada, reparamos depois).

No horário de almoço, aproveitamos para dormir no chão, perto do jardim, o que gerou olhares incrédulos de alguns passantes e nos fez refletir o porquê de ser normal dormir na grama, onde é cheio de formiga e terra, mas é anormal dormir no chão de pedra ao lado (talvez seja o fato de o Phil ter dormir em cima de um jornal, como um mendigo, mas não sabemos ao certo).

No dia seguinte, as aulas passaram a ser no centro de estudos de um lugar chamado Ciudad de La Luz, que fica longe da cidade (a gente pegava um ônibus de graça, oferecido pela Universidade de Alicante, o que aumentava em mais meia-hora o nosso trajeto). Trata-se de um complexo de estúdios tipo Projac que tem uma espécie de faculdade tipo PUC, ou seja, um lugar bem familiar. Mas ficarmos só nós dois conversando era muito chato e falar em português era antipático, então decidimos falar em espanhol para tentar fazer alguma amizade. E assim eu mirei no alvo, eleito como o mais guapo da classe e que tinha olhado o dia todo para a Mina, na véspera. Ofereci chiclete, ele aceitou e entendeu a senha para perguntar: "Que idioma vocês falam?". E assim fizemos nossa primeira amizade, com Adrian, que estuda para ser professor primário e é extremamente tímido.



Maaas... nem tudo são flores. Ao ver que o menino agora falava com alguém, uma loira vaca resolveu "roubar" Adrian e praticamente manipulava a atenção dele na aula e no ônibus que seguia para a aula. Assim, ele passou a andar com ela (que fazia questão de ignorar a nossa presença e existência) e fomos obrigados a fazer mais amizades. E assim conhecemos três meninas mais do que fofas: Patrícia, de Madrid, Sacri, de Alicante (mas que vai morar em Manchester, na Inglaterra) e Marga, de Mallorca (de longe, a mais engraçada).

Foi com elas que garantimos risadas e os momentos mais divertidos do curso, aprendendo espanhol e falando mal de Emílio, o assistente do curso que pode ser definido como... fanfarrão. Ensinamos também que a loira era uma "vaca" (que elas adoraram e ficavam referindo-se a ela como la rubia 'vaca'), ensinamos palavrões, comidas típicas (elas acharam muito estranho a gente comer uma leguminosa preta que dá um caldo preto chamado "feijão") e tivemos que explicar porque caímos na gargalhada quando o professor falou ese niño puñetero ("esse menino enjoado" ou "chato").

Ah, sim! E as aulas... tivemos oficina de direção de fotografia com um profissional premiado e aparentemente muito bom e conhecido na Espanha, mas que não tinha didática alguma, o que nos fez ficar entendiados. Também fizeram uma mesa redonda, onde uma polêmica tomou conta da discussão quando uma mulher disse que acha errado que o governo espanhol subvencione os filmes, porque o dinheiro poderia ser aplicado em outra coisa. O diretor que estava na mesa, irritado, disse que a mulher (que era professora universitária do governo) tinha tanto direito quanto ele de receber dinheiro público. E que as pessoas precisam de cultura e entretenimento também. Só que um espanhol discutindo é um pouco mais... caloroso. E ninguém tem papas na língua, então eu e a Mina ficávamos tensos enquanto o resto da turma permanecia alheio ao climão. Vale também contar que a discussão sobre o cinema espanhol é exatamente igual à do cinema brasileiro ("os filmes são todos sociais", "o público não prestigia o cinema nacional", "o preço do ingresso é caro", "não se fazem blockbusters nacionais", "não deveriam fazer blockbusters nacionais", "não se faz cinema sem dinheiro público", etc).



A oficina de direção de atores também foi ótima, a de trilha sonora muito interessante e a de montagem foi excelente, tirando o fato de que já sabíamos tudo aquilo (foi uma aula mais para quem não conhecia praticamente nada do processo). A vantagem foi que nossas amigas espanholas perguntavam muitas coisas, o que fez com a gente soubesse que todos entenderam que já éramos profissionais experientes (e muito modestos, como vocês podem ver). Aliás, as pessoas que conversavam com a gente ficavam impressionadas como já tínhamos experiência profissional com 25 anos. Pelo o que pudemos entender, enquanto no Brasil fazemos estágios e começamos a trabalhar cedo, na Espanha eles viajam pelos países vizinhos e aprendem idiomas (e eu sinceramente não quero julgar o que é melhor).

No último dia, como bons brasileiros, convidamos nossas amigas para tomar uma cerveja depois do curso, para marcar o último dia. Sacri não pode nos acompanhar, mas Patrícia e Marga participaram e fomos a uma lanchonete muito interessante, onde o esquema era: você pede um montadillo (sanduíche de mini pão francês com sabores diversos, como frango com olho picante, salmão com philadelfia, queijo brie com pimentão e mais outros 40 sabores) e a jarra de chope (individual, mas grande) sai a 1 euro. E você ainda ganha batatas fritas (tipo "Lays") de graça.



O Phil, que hoje em dia é fraco para bebida, já ficou tonto no primeiro chope. A Mina tomou três e ficou apenas levemente alegre (mas o suficiente para brincar de fazer caretas e imitar uma menina de mais ou menos 6 anos no ônibus e passar horas falando sobre como tinha sido divertido e como o pai da menina era legal de deixá-la brincar assim). Marga voltou para Mallorca e Patrícia voltou hoje para Madrid, mas não sem antes fazer uma noitada em Alicante com alguns amigos e a Mina (o Phil deu uma de velho e foi para casa exausto, suado e mal-humorado, graças às poucas horas de sono na noite anterior).


E assim, rindo, brincando, fazendo amigos, sacaneando o assistente e prestando atenção nas oficinas, recebemos nosso primeiro diploma de um curso espanhol, 30 horas, na Universidade de Alicante, sobre cinema no século 21. E, de quebra, ainda ouvimos o diretor do curso fazer o mesmo discurso que alguns professores de cinema da PUC fazem após seis meses de aula ("espero que agora vocês não vejam mais o cinema como meros espectadores"). Saldo positivo. Que pena que acabou.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Simplemente Madrid

Depois de dias parado, finalmente o blog ganha um post gigante sobre as aventuras em Madrid. Exaustos, doídos, com olheiras, estamos vivos e finalmente faremos um resumo sobre essa semana incrível. Até consideramos postar do albergue aos poucos, mas era impossível ficar mais de uma hora descansando.

1º dia, quinta-feira - A Chegada


O sol fritava cada poro do nosso corpo. A chegada ao albergue parecia a chegada a uma pequena república nórdica onde todos eram loiros, brancos e de olhos claros (e algumas pessoas matariam para estar lá). Fomos recebidos em nosso quarto por dois australianos que seguiam esse padrão físico e não se importavam em andar ou dormir de cueca, mesmo nas presenças femininas. Até que o número 13, do quarto (que a Mina não sabia até o último dia), nos deu sorte, já que todos os companheiros que passaram por lá (e muitos a gente nem chegou a ver acordados) tinham o mesmo ritmo: chegar de manhã e dormir até depois do almoço.


Chegando à noite, pensem no nosso espírito resolvendo a seguinte equação:

Mina + Phil + metrópole cosmopolita na Europa = ...

Decidimos seguir o enorme fluxo de gente e descobrir onde era a boa da noite. E assim paramos em uma praça absolutamente lotada de gente, em sua maioria homens (gays e héteros). Parecia um self-service onde quem quisesse poderia montar seu homem ideal: havia de todas as cores, tamanhos e estilos. As poucas mulheres presentes eram bonitas e não muito arrumadas. E foi para uma dessas, que parecia muito simpática, que decidimos perguntar o porquê do lugar estar tão lotado. Será que Madrid era sempre assim? A resposta que ouvimos foi na verdade uma pergunta: "Vocês estão brincando, né?". Explicamos a situação e a notícia caiu como uma bomba na nossa cabeça: "essa é a semana do orgulho gay, a única semana em Madrid em que é liberado beber na rua". Calculem:

Mina + Phil + metrópole cosmopolita na Europa + semana do orgulho gay + beber na rua = ...

Seguimos conhecendo pessoas aleatórias na rua (quase todas bêbadas), conversando e rindo até que o Phil acabou na boate Studio 54 e a Mina acabou se arrependendo de ter bebido meia garrafa de Gim.




2º dia, sexta-feira - O Príncipe

A sexta-feira começou com ressaca e um quase arrependimento de enfiar o pé na jaca logo na primeira noite. Turismo? Museus? Passeios culturais? Impossível. Só havia forças para... compras! E assim tivemos que nos controlar nas rebajas, os descontos que estão em todas as lojas da cidade e que chegam até 70% (a ponto de pagarmos 5 euros por uma bermuda de qualidade ou 10 euros por um vestido lindo).

No final da tarde, lembramos de ligar para um garoto que conhecemos no Couch Surfing (site onde as pessoas oferecem seus sofás para desconhecidos ou, no caso de não poder receber alguém, se dispõe a tomar um café ou drink e apresentar a cidade). E foi aí que Mina conheceu seu príncipe francês, que não chegou em um cavalo branco, mas em uma roupa social, um sorriso simpático e um sotaque divertido (ele falava português bem e o jeito extremamente tímido conquistou rapidamente nossa intrépida viajante).

Depois de um chope, fomos convidados a acompanhá-lo em uma saída com alguns amigos. Sem saber o que esperar, fomos. E no cair da noite, chegamos a um bar português lotado, onde não havia mesas ou cadeiras. Todos ficavam em pé, pagavam pelas bebidas e ganhavam tapas de graça (os pedaços de pão com coisas variadas em cima). Os amigos chegaram juntos: um mexicano, dois eslovenos e um italiano. Começava a nossa saga da noite falando em inglês, espanhol e português. E o momento mais engraçado: um boliviano completamente embrigado que resolveu ficar amiguinho da Mina, sem falar coisa com coisa. Até agora não sabemos o que ele perguntou e muito menos o que respondemos.



Desse bar e de uma passagem relâmpago por um clube de jazz onde o show já havia acabado, fomos ao Chupito, um bar alternativo onde pedíamos shots variados ao preço médio de um euro. Havia desde um que era servido em um copinho feito de casquinha de sorvete, até um drink onde a garçonete colocava fogo no copo e, claro, a última e mortal tequila, oferecida de graça para o grupo. E o pé entrava na jaca novamente...



O grupo de estrangeiros, com direito a muitas gargalhadas, seguiu para a Chueca, o bairro gay que ficava perto da praça da véspera. Percebemos que todo mundo por lá gosta de desafiar a lei da física de que dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço. Foram muitas tentativas até que chegamos ao "El Tigre", um bar lotado, no mesmo esquema "paga a bebida e ganha a comida" com a diferença de que eram pratos enormes de batatas fritas picantes e deliciosas, pães com coberturas ainda melhores e bolinhos de arroz incríveis. A jornada não poderia estar melhor: amigos de todas as partes do mundo, comida de graça, bebida barata e o inevitável "Eu Nunca" proposto adivinhem por quem.

Obrigatório contar que, a essa altura, Mina e seu príncipe já haviam virado um casal. E a noite acabou de forma mais light e bem Madrileña: comendo churros com chocolate em uma cafeteria.



3º dia, sábado - A Parada

O dia começou em um piquenique organizado pelos nossos amigos internacionais no Parque do Retiro, onde há um lago e as pessoas ficam em barquinhos remando. E na tarde tranquila e ensolarada, descemos a rua e, ao cruzar o portão do parque, uma multidão insandecida aguardava o início da Parada Gay de Madrid.

Eles já tinham planejado ir para a Parada, que tem o diferencial de que, na Espanha, todos fazem gostam de ir e participar, de qualquer orientação sexual. Paramos todos para olhar as marchas que pediam uma Espanha laica e os carros alegóricos temáticos que vinham depois. Além de muito divertidos, eles produziam chuvas de penas rosas ou serpentinas coloridas no céu de Madrid, uma visão incrivelmente bonita e gay na cidade.


Diferentemente do Brasil, na versão espanhola as pessoas dançam, pulam, se fantasiam, mas não se pegam. Não há a beijação generalizada brasileira e chegamos à conclusão de que isso acontece porque em Madrid os homens andam de mãos dadas e se beijam em público sem serem apontados ou ridicularizados, e por isso não precisam de um dia específico para liberar o instinto libertinoso.

Enquanto nossos amigos iam para casa descansar (!) antes de sair à noite, ficamos na companhia de Júlia, uma amiga brasileira, e Eder, um português engraçadíssimo e mucho loco que conhecemos naquele dia (era amigo de uma amiga da Júlia, que também não o conhecia) e que nos acompanhou noite adentro.


O sábado intenso seguiu com uma festa particular nada animada (onde a Mina foi encontrada por mim dormindo profundamente no sofá) e mais uma dose de "El Tigre", com comidas, bebidas, multidão enlouquecida, brasileiros sendo identificados após mandar um ¡hola, guapo! e muita andança pela cidade lotada.

4º dia, domingo - Lavapiez

Sendo a Espanha o país católico que é, domingo é dia de ir a igreja, o que significa que a maioria das coisas está fechada na cidade. Isso fez com que aproveitássemos para descansar e tentar recuperar as energias, sem saber o que ainda viria.

Chegando à noite, fomos encontrar Julia no Lavapiez, o bairro dos imigrantes, onde vivem muitos africanos, indianos (com seus restaurantes), latinos e chineses, onde as drogas são vendidas mais facilmente, as ruas são ocupadas por restaurantes étnicos interessantes e bares mais alternativos e todos os hippies têm sua vez.

Tentamos a sorte de encontrar um bar que interessasse ao mesmo tempo a nós, à Julia e ao príncipe francês. Foi difícil. Acabamos descendo a rua, encontrando Sam, americano amigo do Phil há anos e que estava morando em Madrid, e indo a outro lugar quando Julia e Laurian precisaram ir embora (vale um adendo de que, por uma coincidência bizarra do destino, o príncipe francês chama-se Laurian e é de Nantes, mesma cidade de Florian, o francês que conhecemos e foi mencionado em um post anterior).

A noite com Sam acabou com mais dois amigos americanos, todos sentados bebendo cerveja em uma praça cheia de gente e jogando o "um limão, meio limão", um jogo para quem já está com seu nível etílico alterado.

5º dia, segunda-feira - Turismo

Enfim, um dia de turismo. Ou de tentativa. Descobrimos que os museus estavam todos fechados, com exceção do Reina Sofia. Mas antes de partirmos para lá, fomos com Sam ao Palácio Real de Madrid. Um lugar enorme, bonito, com muitos salões, mas extremamente parecido com o Museu Imperial de Petrópolis. Já que não era muito novidade para nós, podemos dizer que o momento mais divertido foi a crise de gargalhada que tivemos ao fazer uma piadinha na sala de jantar e imaginar os nossos amigos comendo strogonoff no salão enorme do lugar. A vista também era incrível, onde víamos boa parte da cidade.


Depois de muita andança, fomos até o Reina Sofia, passando por lugares lindos, parques rodeados de estátuas onde casais gays ficavam juntos no jardim e homens com camiseta da seleção brasileira faziam exercício em praças. Aproveitamos para almoçar em um restaurante barato mas muito ruim, o que rendeu uma tarde nada agradável a Sam, que voltou para casa.

Enquanto isso, visitamos o Reina Sofia, dedicado à arte moderna, o que significa obras sem nenhum significado aparente, quadros homoeróticos, bonecos coloridos, exposição de fotografia e esculturas de homens sendo brutalmente assassinados, tudo lado a lado.

E a noite dessa vez teve duas convidadas especiais: as brasileiras Fernanda e Renata, que conhecemos no albergue, quando Fernanda criticou o excesso de jogos de tênis que os americanos assistiam no lounge. As gargalhadas deram o tom da noite, mas quando íamos para casa, desiludidos por não achar nada interessante para fazer até a madrugada, fomos convidados por um promoter a conhecer um pub que havia no caminho. E assim descobrimos onde andavam todos os turistas da cidade que eram um pouco mais novos do que a gente: no "Pub Crowl", um evento onde se paga 10 euros e ganha-se o direito de conhecer, em grupo, 4 pubs e uma boate, ganhando uma cerveja em cada lugar.

Não achamos nada atraente a ideia de só sair com turistas, para bar de turistas e ainda pagar por isso. Mas como achamos a galera por acidente, decidimos ficar um pouco. Foi assim que turistas australianos resolveram adorar o Phil, dar uma rosa e uma cerveja de presente (o que gerou o comentário de um americano: "dude, where did you get this rose?" e a resposta "an australian girl gave me and said: to remenber the austrian love). Gente bêbada é muito legal!

A noite fechou com chave de ouro: finalmente - e por acidente - acabamos em um clube de salsa, onde Phil encarnou o latin lover com seu chapéu estiloso e a rosa australiana e Mina mostrou seus dotes de dançarina semi-profissional.



6º dia, terça-feira - A Despedida

O último dia foi marcado por dores fortes na perna de tanto andar, cansaço extremo, ressaca e, ainda assim, nenhuma vontade de ir embora de Madrid. Decidimos nos separar, já que o Phil já conhecia o Museu do Prado e não tinha condições físicas de percorrer tudo de novo. Enquanto Mina via o Jardim das Delícias, Phil decidiu ir aos jardins do Parque do Retiro e ler um pouco embaixo das árvores, aproveitando o sol quente e a brisa que resolveu aparecer.

A noite também começou separada: Mina acompanhou o príncipe francês em um jantar indiano de despedida dos eslovenos - que iriam voltar para a cidade em que nasceram, com 200 (!!!) habitantes. Já Phil, foi despedir-se de Sam, ao lado de amigas americanas dele e de Fernanda, a brasileira de Cuiabá, do albergue.

No cair da madrugada, Mina foi até a caverna que servia de pub onde Phil, Sam e Fernanda se embebedavam animadamente para marcar a última noite da cidade. Com os quatro juntos, a conversa ficou animada até o bar fechar, cedo, às 3h da manhã. Seguindo por ruas lindas e desertas, o vento gelado anunciava mudanças e esfriava o calor de Madrid entranhado em nossas veias há seis dias. Nos despedimos de Sam, pegamos o ônibus noturno e seguimos para o albergue.



Dia 7, quarta-feira - O Fim

Como o trem de volta era às 7h, paramos na recepção do albergue e emendamos, com Fernanda, um papo sobre homens, mulheres e relacionamentos, até a hora de abertura do metrô. Fizemos o nosso primeiro, último e único café-da-manhã no albergue (normalmente dormíamos enquanto ele era servido) e as expressões em nossos rostos bebendo chá era a mesma (e quem nos visse, ia achar que estávamos morrendo).

Nos despedimos do lugar, cruzamos a porta, entramos no metrô e seguimos para a estação de trem. O vento da madrugada já havia levado embora a nossa alma, parecíamos dois corpos vagando em direção ao fim da nossa melhor semana até agora. Voltamos exaustos, com alguns quilos a menos e sem nossos corações, partidos e abandonados na capital espanhola.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Rapidinha

Nossa, é só dar uma bronca que todo mundo comenta. Muito bem! Continuem lendo, comentando e façam como a Tatá: coloquem nosso blog como página inicial!

Esse post ultra-rápido é para dizer que o verão aqui tá fueeeerte, que na quinta-feira vamos a Madrid e que criamos um quiz para todo mundo que tem Facebook. Quem tem, participe:

domingo, 28 de junho de 2009

Noche Loca

Devemos dizer que nenhum e vocês está merecendo post novo, já que só Sofia e James comentam ativamente no blog - e essa é a forma de sabermos se estamos sendo lidos ou não.

Enquanto os dois posts anteriores estão abandonados, não tem texto novo, mas tem o vídeo que fizemos no dia em que saímos em Alicante.

Assistam, se divirtam e comentem!


quinta-feira, 25 de junho de 2009

Tapa de espanhol não dói

Dando um tempo na avalanche de notícias sobre a morte de Michael Jackson, o post de hoje fala um pouquinho sobre cultura e pela primeira vez (se não me engano), sobre comida!

No dia 24 de junho, dia de São João, a cidade estava em festa. A diferença entre a festa brasileira e a espanhola é que aqui não vendem canjica. Brincadeira! As festas são completamente diferentes. Para quem imaginava encontrar pessoas vestindo xadrez, chapéu de palha e barraquinhas vendendo milho verde, canjica e paçoca... decepção! A comida típica (ou pelo menos a comida que vendem nas barraquinhas) é churros, que também existe em uma versão pacotinho-com-vários-churros-pequenos chamado de "porras" (o que ainda me rende risadas ao ler).



Roupas típicas não existem na festa daqui, embora na noite anterior a gente tenha testemunhado mulheres velhas vestidas de bruxa e não entendido bulhufas. Quando vimos pessoas pulando sete ondas, entendemos menos ainda. Primeiro, achamos que era como halloween. Depois, igual reveillon. O que diabos é isso, afinal?

Como bons jornalistas, apuramos e entendemos, enfim, o motivo de tudo. Há muitos e muitos anos, os pagãos utilizam o dia de San Juan para fazer a celebração anual deles, sob o pretexto de que estavam festejando o dia do santo. Assim, eles sobreviveram durante muito tempo sem que os católicos desconfiassem e queimassem todos vivos sob a acusação de bruxaria. Por isso, seria uma noite mágica, onde desejos costumam ser atendidos (daí as sete ondas) e onde o fogo e a água representam os elementos purificadores.

Dado isso, existem as famosas Hogueras, celebradas pelo país todo, muitas delas na noite do dia 23. As de Alicante são as mais famosas da Espanha e acontecem na noite do dia 24. Para ver isso, muita gente vem de outros lugares (e também para embebedar-se na praia). Lembram daquelas esculturas tão bonitas, mostradas pela Mina no post anterior? Pois é, elas são espalhadas por vários pontos da cidade e quando o relógio marca meia-noite, começam, pouco a pouco a fazer o seguinte:



Sim, os espanhóis, que parecem tão amáveis e simpáticos (tá bom, forcei a barra agora), queimam tudo! Tacam fogo nas esculturas e do fogo saem fogos de artifício e tudo vira... pó! Simples assim. E quando o fogo começa a subir, chegam os bombeiros para controlar. No caso do vídeo, estávamos no porto, vendo tudo pegar fogo, e quando acabou, começou uma correria absurda. Por um momento, achamos que algo tinha saído do controle, até ver que era um dos barcos que vinha até o cais molhar as pessoas que assistiam ao espetáculo (no final do vídeo, é possível ver adultos correndo e crianças pulando de alegria). Nas fogueiras que ficam no meio das ruas, é nesse momento que muita gente tira a roupa, fica de biquini e começa a cantar: Bombero maricón! (algo como "bombeiro bichinha"). Tudo ensaiado, para que os bombeiros joguem água em todos. Quem é desavisado, como os turistas portugueses que conhecemos no trem de volta, ficam molhados dos pés à cabeça. E a escultura tão legal da Amy Winehouse virou isso:



Vale dizer que antes de toda a festa e do fogo que tomou conta da cidade, paramos pela primeira vez em uma lanchonete bonita por onde passámos todos os dias. E foi lá que, pela também pela primeira vez, comemos as famosas "tapas" (também chamadas de "pinchas"). Existem algumas variações para as tapas espanholas, mas no caso dessa lanchonete, era o seguinte:

Você poderia entrar e pedir as tapas frias ou esperar os garçons que passavam com as quentes. O preço variava entre €1.25, €1.50 e €1.90. Era só pegar o que quisesse e, no final, o garçom conta os palitinhos do seu prato para ver quantas você comeu. Essas tapas eram pedaços de bisnaga cortados e espetados com coisas em cima: linguiça com tortinha de cebola, nuggets, espetinhos de carne, asinhas de frango... basicamente qualquer coisa em cima de um pedaço de pão (mais ou menos como certos rodízios de pizza no Rio de Janeiro). Mas algumas são mais elaboradas, como um barquinho de pimentão com creme de peixe picante. Comemos muitos palitos, ficamos satisfeitos e a conta deu €35 euros no total, para quatro pessoas (eu, Mina, minha mãe e Camila, nossa amiga brasileira daqui - menos de €10 para cada um). Jantar típico e ainda sai em conta!

Chegando na estação de trem, sentamos e esperamos o nosso, com destino final a Benidorm (nossa estação chama-se Creueta). E qual não foi a nossa surpresa ao nos deparar com o seguinte outdoor (sem nada escrito):



Safadinhos esses espanhóis! Imaginem isso em tamanho natural - do chão ao teto da estação. E o mais incrível é que ninguém dava a mí-ni-ma. Imagina isso no Brasil! Achei muito interessante, principalmente porque talvez não levem muito para o lado sexual, apenas a beleza do corpo. Ou será que levam?

Enfim... no trem de volta para casa, lembramos dos tempos de aperto no Rio: a lotação era máxima porque o último trem da madrugada era 1h37. Mas, mesmo no aperto, fizemos amizade com uma chilena que contou uma história emocionante de imigração que a fez chorar (basicamente, ela abandonou a primeira filha para trabalhar como imigrante na Austrália, depois disse que teve uma filha australiana e abandonou também porque agora mora na Espanha com o terceiro marido, e como ela sente falta das netas, nos encontramos diante de uma novela chilena sobre imigração diante dos nossos olhos apertados entre as bundas das pessoas - porque a gente sentou na escada enquanto os outros ficavam em pé). E em meio ao aperto, o casal de portugueses já mencionado se tornou os melhores amigos de infância da minha mãe. E assim fomos para casa conferir o resultado da loteria especial de São João - €15 milhões + €6 mil por mês durante 25 anos! Ainda não foi dessa vez...


domingo, 21 de junho de 2009

Atrás do bloco só não vai quem já morreu

Ontem, fomos conhecer as famosas Hogueras de San Juan, uma festa super tradicional da Espanha cujo sentido ainda não entendemos por completo. O que vimos até agora é que montam estátuas gigantes que representam seres no estilo Walt Disney. Tem de tudo, do rei Lear de Shakespeare a Amy Winehouse.


A cidade de Alicante estava linda, com arcos de luz sobre sua avenida principal, providencialmente fechada para carros e absolutamente LOTADA. Parecia reveillón no Rio. Com a diferença de que, no meio da multidão, haviam algumas áreas isoladas com festas particulares. Isso é muito comum na Espanha: as festas tradicionais são patrocinadas pela população . Em troca, as famílias ganham o privilégio de ter uma mesa em um espaço fechado onde acontecem shows e a comida e a bebida são, em geral, liberados. Quase entramos em um, por ingenuidade, e logo fomos expulsos pelo segurança gigante que falava: "és privada, és privada". Eu achei isso muito estranho porque fica um monte de gente do lado de fora olhando o show que está acontecendo dentro do "cercado", enquanto, do lado de dentro, algumas poucas pessoas dançam sozinhas e tristes (interpretação minha, é claro).


Depois que cansamos de assistir à festa alheia, resolvemos ir em busca das boates para nossa própria diversão. Entramos em duas ou três ainda vazias e vagávamos desorientados quando ouvimos um som conhecido: aquele famoso barulho de batucada, que todo carioca que se preze adora. E sim, lá estava ele nos esperando para começar. Encontramos um bloco de carnaval perdido em uma festa junina espanhola. Na verdade, ele não estava nem um pouco perdido, foi contratato por uma boate para divulgar a festa que deve estar acontecendo neste momento. E que divulgação! Por onde passava, carregava mais gente. Mesmo os que não iam atrás do bloco ficavam olhando com cara de bobo feliz e balançavam qualquer parte do corpo onde encontrassem gingado. Dá uma olhada na pinta do pessoal que ia junto distribuindo panfletos:

Seguimos esse pedaço de carnaval enquanto fez sentido e ele nos levou até a maior surpresa. Lembra que falei do reveillón do Rio? Não tem como relacionar com outra festa aquilo que encontramos: a praia de Alicante tomada de pessoas. Perguntamos e todos nos responderam que era para beber antes de começar a festa. Só que aí já eram 3 da manhã e imaginamos que ninguém ia mais para lugar nenhum, a festa era ali mesmo. Bebem na praia porque, teoricamente, é proibido beber na rua. Talvez isso tenha sido real em algum momento, a ponto de se criar a tradição de se fugir para a praia. O fato é que ontem não só eu como diversas outras pessoas bebiam pelas ruas sem nenhum tipo de constrangimento.

Resultado da noite: Mais amigos, mais contatos de messenger, eu indo conhecer umas escadarias infinitas que dão para uma vista incrivel de Alicante (esqueci de tirar fotos, mas pretendo voltar para registrar), enquanto o Phil comprava água no 24 horas. Porque, agora que eu tenho celular, podemos arriscar pequenas separações de meia hora...

Vejam mais fotos da festa:





Ps: Assim que eu souber a razão destas estátuas explico para vocês.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Les jeux, le sexe, le français et l'alcool

Bom, eu estava esperando a Mina escrever aqui, para não monopolizar o blog. Mas como ela está há dias dizendo que vai escrever e não escreve, decidi eu mesmo tirar o pó disso aqui e escrever. E o melhor é fazer um pequeno resumo dos últimos dias.

A Mina já tinha reparado que havia uma exposição aqui em cartaz no Marq (Museo Arquiologico de Alicante), chamada "La Belleza del Cuerpo". E um amigo que fizemos aqui, Angél (repitam comigo a pronúncia: ân-rélllll, nada de "endiel"), nos deu a dica de que o mais legal da exposição era ver o Discóbolo. Assim fomos e assim nos decepcionamos. A exposição era bem meia-boca, apesar o museu ser interessante e os atendentes muito simpáticos (e a entrada, 3 euros). E o tal discóbolo era realmente a grande atração, já que ficava em cima de uma luz no meio de uma sala em um palco com uma mini-arquibancada para quem quisesse ficar o dia todo contemplando.



Loucuras à parte, o dia continuou conosco conhecendo uns pubs de rock (a cara do Fabio) com nossos amigos alternativos do post aqui de baixo (na verdade, o Roberto e umas amigas dele que ainda não conhecíamos). Nesse dia, aliás, aconteceu uma situação bem engraçada envolvendo o "Moulin Rouge", meu filme preferido, mas é impublicável. E por falar nele, no dia seguinte encontrei uma versão de luxo dupla por 6 euros. Vantagens da Europa (para dar raiva à Marie Carazza, que não gosta quando publico os preços).

E graças a esse consumismo, a Mina, que já era quase uma alcoólatra, está a ponto de se viciar em jogo também. Peço que todos me ajudem, pois se essa mulher perder o controle, eu a coloco no avião de volta para o Brasil. Isso tudo porque ela, que não é boba nem nada, topou jogar pôker com meu irmão e os amigos dele. Resultado: saiu da mesa 25 euros mais rica.


No dia seguinte à noitada regada a jogos e... bem, a jogos... o que fazer? O cansaço impedia que nossos corpos fossem a discotecas e ficamos sabendo que havia uma festa na Villa em homenagem à Virgem Maria. Decidimos arriscar, já que o chefe da minha mãe nos deu dois tickets para beber algo de graça. Chegando lá, parecia uma miniatura da Exposição Agropecuária de Petrópolis (quem já morou lá, sabe do que falamos). Era um mini-parque, com barracas de bebida e comida. E um palco com umas mulheres dançando alguma coisa tipo...



A cena meio patética depois deu lugar a um humorista valenciano que fazia piada sobre catalão. Ou seja: não entendemos nada. Atrás da gente, umas francesas bêbadas faziam piadas com a rainha (La Reina) da festa. Achamos bem legal o fato de La Reina ser uma cinquentona. Mas depois percebemos que ela foi eleita porque as outras concorrentes não tinham menos de 90 anos.


A noite parecia fadada ao fracasso, não fosse a ideia da Mina de ir ao chiringuito da Playa de Los Estudiantes. E no meio do caminho, percebemos que estávamos sendo seguidos... pelas francesas borrachas (bêbadas)! Elas perguntaram em um espanhol totalmente "afrancesado" se sabíamos onde era a praia. Claaaro que francesas em VillaJoyosa sabiam onde era a praia. Assim, na nossa simpatia brasileira, dissemos que sim, que estávamos indo nesse caminho. Elas perguntaram se conhecíamos algum bar e respondemos que sim, era exatamente o nosso destino. E assim fomos.

E entre as três francesas bêbadas, estava Florian (repitam: flô-rri-ân), um francês ruivo de cabelos cacheados, recém-formado em Comunicação, prestes a ingressar na especialização em fotografia. Inteligente, culto, sóbrio, francês, fotógrafo e falando em espanhol, Florian passou a noite em papos-cabeça conosco, enquanto as francesas se revelaram bêbadas ciumentas e grosseiras. Ainda assim, a noite acabou em um "Eu Nunca", ou "I've Never" ou "Yo Nunca" ou ainda "Je N'ais Jamais", proposto adivinhem por quem! O objetivo do jogo, claro, foi alcançado graças a uma pergunta proposta por Florian. E a volta para casa foi muito mais feliz.

A noite parecia acabada quando as francesas bêbadas decidiram pular a grade de uma casa alheia e às escuras para descobrir o que estava debaixo de uma tampa em uma espécie de barril de madeira com um controle. Era uma jacuzzi. Elas entraram. E a gente esperou. Depois de rir e se banhar na casa alheia, decidiram sair e deixaram a jacuzzi destampada e ligada. Sob protestos desesperados da Mina ("gente, eles vão gastar uma fortuna de luz, é sacanagem isso!"), Florian entrou na casa só para fechar e desligar. Não satisfeitas, elas decidiram voltar. E riram. E se banharam. E o vizinho viu. Assim, elas saíram de biquini correndo e novamente a jacuzzi ficou aberta. E assim, Florian, mais uma vez, entrou calmamente, fechou e desligou. Foi o que bastou para a Mina chamá-lo de gentleman (na falta da palavra em francês ou espanhol) e provocar o ciúmes da amiga que praticamente impediu que nos aproximássemos deles até chegar em casa. Mas não tem problema: o convite final feito por ele já valeu a pena. Mas isso é história para o blog no futuro...

Hoje, um jantar delicioso comemorou meu aniversário com nossos amigos paulistas que moram em Elche e vieram aqui em casa especialmente para isso. Ganhei roupas lindas e rimos muito. O aniversário mesmo, nessa terça, vai ser em Alicante, mas é tema para outro post. De todo jeito, pela primeira vez, ganhei feliz cumpleaños.

* Em tempo: viagem para Madrid marcada para o dia 2 de julho! Passagens compradas e albergue reservado! O blog vai bombar!

* Nota da Mina:

Há detalhes não ditos:

- Eu não só saí 25 euros mais rica como venci o jogo!
- O tal do francês é provavelmente o homem mais bonito da Europa. Fotógrafo é óbvio.
- A exposição comentada é fraquinha, mas no mesmo museu vimos a exposição permanente sobre arqueologia que, apesar do excesso de vasos, foi legal.
- Tá muito quente aqui! É calor de mais de 35 graus com o ar absolutamente seco!
- Os amigos paulistas NÃO SÃO DO INTERIOR, como eu havia dito anteriormente, desculpe-me Patrícia.
- Sim, eu sou uma preguiçosa e admito.

domingo, 7 de junho de 2009

Un poco de castellano para vosotros...

Hoje, nossos intrépidos viajantes farão seu primeiro post juntos. Decidimos listar o que temos visto de mais frequente, mais comum (e incomum) aqui na Espanha, para vocês acompanharem melhor um pouco do que estamos passamos.

Palavras mais usadas:

- Cariño
(é como "amor", "meu bem", "querido")

- Quedar
(a tradução é "ficar", mas usam em algumas frases com significado parecido)

- Vale
(a pronúncia é "bale" e é equivalente ao nosso "tá" ou "ok" ou "aham", mas usado em perguntas também)

- Tío / Tía
(é equivalente a "cara", como no último Exterminador do Futuro onde eu e Mina gargalhamos ao ouvir, dublado, o protagonista dizer: "necesitamos encontrar ese tío")

- Cita
("compromisso" ou "encontro" - mas a gente ouve mais porque somos viciados em seriados)

-
Empezar
("começar")

- Listo
("pronto")

- Pronto
("rápido")

Expressões mais comuns:

- "No pasa nada"
(é o mesmo que "não tem problema", usam o tempo todo - é muito legal!)

- "Me dá igual"
("dá na mesma", "tanto faz")

- "Hasta luego"
(apesar de existir, ninguém diz "tchau" e sim "hasta luego", que no comum já virou "taluego" ou "talogo")

- "Meteu la pata"
("fez merda", "enfiou o pé pelas mãos")

-
"Encantado" ou "Encantada"
(falam do lugar de "prazer em conhecer")

* Vale registrar que "oi" é "¡hola!" e "tudo bem" NÃO é "todo bien?" como o Phil costumava falar, e sim "¿como estás?" ou simplesmente "¿bién?"

Generalizações:

Temos a impressão de que:

- Todos os cachorros são simpáticos - e todos os donos de cachorro também!
(Comentário do Phil: exceto um cachorro nanico de madame que avançou em mim na porta do supermercado)

- Todos os bebês são lindos

- Existe uma fixação por "Ilariê"

- Tudo custa, no máximo, 1 euro
(O que custa 2 euros já é caro)

- Nenhuma espanhola tem celulite

Situações inusitadas:

- Homem que acabava de chamar uma menina de bitch (porque ela não deu confiança quando ele quis chegar nela) pergunta para o Phil: "¿Estas indo para casa?"
Phil: - ¿Qué?
Homem: - Are you going home?
Phil: - No...
Homem: - Ok


- Mina vê homens e mulheres vestidos de coelhinhos, com orelha e rabo:
Mina: - ¿Por qué? (apontando para a orelha)
Coelhinho: - ¿Por qué no?


- Mina compra uma garrafa de sangria na loja 24 horas. Vendedora olha para Mina e diz: "Esconde a bebida na bolsa, por favor". Mina pensa: "Será que ela me acha tão legal que quer que eu roube da própria loja?". Phil pergunta: "¿¿Qué??". Vendedora responde: "Esconde a bebida porque a polícia proíbe que se venda álcool depois das 22h".

Lembramos que estamos na Espanha quando:

- Lemos "tal vez" e "por tanto", assim mesmo, separado

- Percebemos que só precisamos pagar o trem se formos honestos
(na maioria das vezes, o fiscal não entra para comprovar quem comprou o bilhete e não há roleta)

- O trem chega, no máximo, com um minuto de atraso e todas as estações avisam a que horas o trem vai chegar (e você pode enviar uma mensagem no celular e receber o horário do próximo)

- Vemos homens com cabelos muito mal cortados (arrepiados em cima com "mullets" atrás) e mulheres com cabelos cheios de "gosmas", como gel, espuma, etc (mais frequente em uma cidade pequena como a nossa)

- Saímos à noite e gastamos menos de dez euros - mesmo bebendo bastante

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Resumo do último fim de semana, em fotos:

Decoração do chiringuito (como eles chamam os quiosques daqui) da Playa de los Estudiantes - fomos na inauguração para o verão, onde cerveja e sangria eram de graça


"¿Por qué no?"


Primeiros amigos de Alicante: Roberto e Raquel



Final da performance da incrível música "La Taza" na danceteria em que estávamos. Confiram a profunda letra desse clássico espanhol (e a tradução ao lado):

Soy una taza (sou uma taça)
una tetera (uma chaleira)
una cuchara (uma colher)
un tenedor. (um garfo)

Soy un cuchillo (sou uma faca)
un plato hondo (uma tijela)
un plato llano (um prato raso)
un cucharon (uma concha)

Soy un salero (sou um saleiro)
un azucarero (um açucareiro)
una batidora (um liquidificador)
una olla express chu chu (uma panela de pressão - tchu tchu)

(Um dia,
quizás, gravaremos a coreografia e mostraremos para vocês!)