sábado, 5 de setembro de 2009

Ocio español

Para tirar um pouco da teia de aranha aqui, mesmo sem muitos acontecimentos recentes, decidi fazer um post contando um pouco sobre cultura e entretenimento aqui da Espanha, para que vocês se familiarizem mais antes de virem nos visitar. E só para explicar o título: ocio, em espanhol, é "lazer".

MÚSICA

Aqui a Shakira bomba. Existe um canal espanhol no estilo da MTV chamado 40. A última vez que a Mina viu a parada dos mais pedidos, estavam cinco clipes da Shakira, um exagero completo, ainda mais quando ela faz um clipe cafona onde uiva que nem uma louca durante a música, que chama "Loba" (tem uma versão em inglês, mas aqui não toca).


Mas o hit do ano é um que eu e a Mina escutamos desde que chegamos e aprendemos a adorar. Todo mundo sabe cantar junto. É uma balada cafoninha chamada "Colgando en Tus Manos", um dueto entre os cantores Carlos Baute e Marta Sanchez (regravação de uma música solo dele). Vocês podem ver o clipe clicando aqui.

CINEMA

Os filmes aqui são mais ou menos os mesmos do Brasil, todos aqueles blockbusters americanos que enchem todas as salas. Filmes espanhóis são poucos, o último que esteve em cartaz foi o o novo do Almodovar, "Los Abrazos Rotos", que não deu muita repercussão. Alguns filmes chegam aqui antes do Brasil, outros chegam muito depois.

Mas o que realmente incomoda é o fato de todos os filmes serem dublados em espanhol, uma coisa cultural irritante. As séries e filmes que passam na televisão também são dublados. Em Madrid e Barcelona, dá para encontrar alguns cinemas com filmes legendados. Aqui perto, existem salas especiais onde você pode colocar o fone e ouvir o áudio original, mas não tem legenda.

Os problemas da indústria cinematográfica espanhola são parecidos com os do Brasil: o governo financia a maioria dos filmes, que não conseguem ser lançados sem leis de incentivo. Os cineastas reclamam que o público não prestigia o cinema nacional, o público reclama do preço do ingresso e fica uma discussão entre fazer um cinema de arte ou cinema comercial.

A propósito: o ingresso custa €5.50, mas quem tem tem o carnet joven paga €4.00. Imaginem agora a cara das pessoas quando eu conto com requintes de crueldade que o cinema no Brasil custa 18 reais. Aqui não existe meia-entrada para estudante, mas todos os europeus que tenham até 30 anos e moram na Espanha podem fazer esse carnet no banco e obter desconto em muitas coisas. Nos outros países é até 27 anos.

CELEBRIDADES

Achei muito engraçado quando descobri, mas os toureiros aqui são grandes celebridades. Existe um em especial, que não lembro o nome, que é o toureiro mais conhecido do país, por ser muito bonito. Vive aparecendo nas revistas e programas de fofoca, junto com ex-participantes do "Gran Hermano" (a versão hispânica do "Big Brother"), do "Operación Triunfo" (o "Fama" espanhol) e jogadores de futebol (principalmente Cristiano Ronaldo e Kaká). Pois é, aqui a gente também não se livra disso.

Penelope Cruz e Javier Bardem são grandes celebridades por aqui, amados e idolatrados. Todos querem saber se ela está mesmo grávida dele e uma coisa engraçada aconteceu no último Oscar: as pessoas se reuniram para assistir nos bares e como o prêmio ao qual a Penelope concorria foi o primeiro (e ela ganhou), o apresentador pediu no ar: "por favor, peço que todos continuem assistindo ao programa, mesmo com o momento esperado já ter passado".

TELEVISÃO

A programação da TV aberta é muito ruim. À tarde, tudo o que se vê são programas de fofocas sobre celebridades ou barracos com temas polêmicos. Familiar, não?! Também passam novelas e minisséries horrorosas. A RTVE, do governo, tem dinheiro e produz coisas bem-feitas, mas ainda assim os programas são bem ruins. Tem qualidade técnica, mas falta conteúdo. E exatamente no mês em que chegamos, foi aprovada a nova lei do audiovisual, que passa a proibir comerciais nas TVs públicas, o que aqui era permitido.

Os telejornais são bem diferentes dos brasileiros porque os repórteres são mais informais. Ainda que o tipo de linguagem seja o mesmo e as reportagens também sejam parecidas, algumas coisas destoam, como uma reportagem muito louca sobre as eleições, onde o repórter fazia piadas sobre a velhinha que não achava o título de eleitor, a música "Mamma Mia", do Abba, tocava como trilha sonora e a apresentadora do telejornal chorou de rir ao voltar da reportagem.

Além disso, os correspondentes usam roupas muito informais, como vestidos coloridos ou bermuda, alguns homens não fazem a barba ou têm cabelo comprido. Isso poderia ser interessante, mas eles são péssimos repórteres. Já o tipo de linguagem usada entre o apresentador do telejornal e os comentaristas é mais solta e íntima, coisa que estão começando a fazer no "Jornal Nacional" e como mais ou menos já acontece no "Jornal Hoje".

O mais interessante foi quando o âncora do principal telejornal vespertino da Espanha, Lorenzo Milá (na foto), ia deixar o cargo para ser correspondente em Washington. Ele se despediu do público e da comentarista de economia que estava com ele na bancada. Ela se despediu e começou a chorar, o que fez com que ele também chorasse dizendo "eu prometi que não ia chorar". A cena fica muito mais engraçada se vocês imaginarem o William Wack se despedindo do "Jornal da Globo" e a Miriam Leitão chorando por isso.

COMIDAS

Disso a gente já falou bastante. Tapas (petiscos), paellas e bocadillos (sanduíches) são as comidas típicas e é o que realmente todo mundo come. Os espanhóis também gostam muito de chá e bebem muita água. Até por isso a dieta mediterrânea é constantemente tida como a melhor do mundo.

DIALETOS

Além do castellano ou espanhol, que é a mesma coisa (e as pessoas brigam porque alguns dizem que castellano é só de quem é de Castilla e outros dizem que chamar o idioma de espanhol é coisa de gente inculta), existem os diversos dialetos da Espanha. O valenciano, que se asemelha ao francês, é falado aqui na Comunidade Valenciana, principalmente pelos mais velhos. Ele é praticamente igual ao catalão (apesar de eles falarem que é diferente), que é falado na Catalunha, inclusive Barcelona. Tem ainda o Vasco, do País Vasco, e o Gallego, da Galícia, que parece muito com o português de Portugal, a ponto de pensarmos que estavam falando português.

Bom, para um post qualquer até que ficou grande. Na semana que vem, esperamos receber a visita de um amigo que está fazendo intercâmbio em Valencia, então aguardem novidades. E já que encerrei falando de dialetos, uma despedida em valenciano: Segueix visitant, comentant i fins a la pròxima!