sexta-feira, 18 de junho de 2010

Rapidinha

Esse post é só para falar rapidamente sobre o meu aniversário aqui: os amigos brasileiros fizeram muuuita falta, mas pelo menos vocês podem matar um pouquinho das saudades com os vídeos que a maníaca da Mina fez. Vou publicar aqui os links e explicar um pouquinho:

- O aniversário começou com um almoço feito para mim por 3 amigos italianos: Chiara, Barbara e Riccardo.

- Depois, seguindo para o Hyde Park, o maior e mais famoso parque de Londres, onde fizemos um piquenique. O dia estava lindo e foram vários amigos, das mais diferentes nacionalidades. Foi lá o primeiro e o segundo vídeos, onde cantam "Happy Birthday".

- Seguidos para o Nando's, restaurante onde a gente trabalha, que vocês podem ver nos outros vídeos. Jantamos lá, jogando conversa fora.

- Acabamos a noite no já famoso Ku Club, onde nos divertimos com a performance de uma boy band horrorosa chamada Boy Banned (trocadilho péssimo), uma maluca com bambolês e uma drag queen que inventou um jogo onde duas pessoas colocam uma moeda na bunda, prendiam e tinham que soltar em um copo. Depois fazia o mesmo com um queijo e no final com um ovo. A Mina ia ser uma das participantes, mas a drag não gostou da cara dela e mandou ela sair.

Abaixo, os vídeos:








sábado, 12 de junho de 2010

No lado esquerdo do peito

Apesar de sempre acabar em choradeira (e às vezes começar também), receber os amigos aqui é um dos maiores prazeres que temos. Afinal, a saudade aperta cada vez mais e transferir para Londres qualquer atividade que costumávamos fazer no Rio de Janeiro ou Petrópolis é, no mínimo, interessante.

Assim, a onda de visitas começou mais ou menos na mesma época para os dois. Enquanto a Mina encontrava com o André, um amigo de Petrópolis, na Espanha, onde ele fazia intercâmbio, eu passava o reveillon com Mari Tozatto, amiga queridíssima da PUC, com quem fiz o primeiro semestre da faculdade. E de quebra, Sofia, a prima maravilhosa dela. Foi uma semana de compras de DVDs, andanças pela cidade no frio tremendo e muita diversão na noite de ano novo, quando nos encontramos pela primeira vez, enchemos a cara e celebramos 3 vezes (pela Inglaterra, pela Espanha e pelo Brasil) a chegada de 2010. Tudo com direito a nevasca inesperada no penúltimo dia.

Algum tempo depois, foi a vez do Flávio Tabak, amigo da PUC que trabalhava no O Globo, me visitar. Foram andanças, lugares turísticos, cervejinhas, cinema... tudo mais tranquilo, sem perdeção de linha. Uma semana mais cultural, de papos sobre a vida e passeios em Londres com boas companhias. O frio ainda pegava um pouco, mas os ventos já anunciavam as mudanças climáticas.

Teve ainda a Nina e o Felipe, casal querido de Petrópolis. Os dois moram na França e passaram poucos dias aqui, mas o suficiente para uma noite deliciosa de pizza e vinho, além das tradicionais gargalhadas e histórias a serem lembradas.

Após a chegada da Mina, a primeira visita foi inesperada. Enquanto ela trabalhava na barraquinha brasileira em Camden Town, um dos pontos turísticos mais visitados de Londres, um amigo da PUC, o Julio Molica, ficou quase meia-hora observando e pensando incrédulo que não era possível ser ela. Afinal de contas, nada mais fora de contexto do que a Mina uniformizada em uma feira londrina (para quem não estava acompanhando esse diário de viagem). O resultado foi uma tarde deliciosa de bebidas no parque e princípio de noite ao som de música pop, apesar da terça-feira ser pacata em terras londrinas.

Seguindo adiante, dois amigos e ex-companheiros de trabalho da Globo.com, Nilo e Edson estiveram por aqui e apesar de terem perdido a noitada com cerveja barata em um pub ótimo, participaram de uma noite em um bar espanhol com sangria em litro e mulheres aleatórias dançando em cima da nossa mesa. No final, ainda rolou uma tentativa de... deixa pra lá.

Além dos amigos, às vezes também surgem os amigos de amigos. E foi assim que conhecemos o Alberto, jornalista incrível do Agora São Paulo, representante do João Fernando, nosso amigo em comum. Foi uma semana de noitadas divertidíssimas, pegação, brasileiros aparecendo aos montes (provavelmente vindos de alguma caverna escondida por aí, porque eles surgiam quase como fumaça) e passeios por lugares de Londres ainda inexplorados. Mais um pra listinha de amigos que cresce.

Mais recentemente, e esse foi o motivo do post, Luiza deu o ar de sua graça na terra da rainha, depois de passar por Espanha (a trabalho) e Marrocos (de farra). Matar as saudades da amiga mafiosa foi incrível e a energia que emana dos três juntos não decepcionou. Fizemos passeios, conhecemos novos lugares, colocamos a conversa em dia e é claro que fizemos uma noitada como não fazíamos juntos há muito tempo. Começou com piquenique na praça, com direito à promoção querida de 3 garrafas de vinho por 10 pounds no supermercado, passou pela entrada no G-A-Y só para usar o banheiro (e garantir pulseiras de entrada grátis na Heaven) e acabou com os três mais uma amiga, a portuguesa revelação-da-noite Ana Raquel, e mais pessoas aleatórias que conhecemos, indo até o chão do já favorito Ku Bar. Claro que acabou com choradeira na estação de trem, fazendo com que ela ficasse com a mão estendida falando "ué... o meu trem era esse que foi embora?...".

E falando em amizades, achei que seria interessante falar também sobre os amigos daqui. Eles às vezes aparecem por posts discretamente, mas também merecem um lugar mais desenvolvido, já que ajudam a preencher um pouco do buraco eterno deixado pela falta que todos os nossos queridos leitores que estão no Brasil (ou ao redor) fazem. Fora do trabalho, temos a companhia da Regina, brasileira-coreana maluca e desbocada com um coração enorme, sempre nos chamando para "tomar umas" e ajudando a entender como fazer as coisas em terras inglesas. Foi onde na casa dela que passei o natal, comendo comidas brasileiras aos montes.

Ainda oriundos do Brasil, vem a Carol Marsiaj, que estudou na PUC comigo e onde o assunto "cinema" está sempre presente. Diretora de fotografia talentosíssima, os horários são mais difíceis de bater, mas de vez em quando a gente emenda em sessões de filmes e drinks. E foi ela quem apresentou a Nissrine, ou Niss, uma libanesa professora de dança engraçadíssima e companheira fiel de tardes no G-A-Y ou vinhos em algum pub onde o vendedor de flor deixa uma rosa de graça e leva o celular que estava em cima da mesa para compensar.

A Mina tem ainda a Angel, melhor amiga da infância dela, que nos introduz ao mundo dos tatuadores e rock pesado, além das histórias engraçadíssimas e noitadas que faz com a Mina de vez em quando. E eu, o Sebastiano, um suiço criado em uma região onde se fala italiano e que teoricamente trocaria comigo aulas de francês por aulas de português, mas que acabam sempre em conversas em inglês regadas a cerveja.

Falando no pessoal do trabalho, a lista é extensa - e alguns deles são leitores deste blog. Mencionar todos seria difícil, mas como a maioria não fala português, vale a pena passar mais rapidamente, já que o post já está longo. Chiara é uma italiana mãezona, primeira amiga que eu tive aqui e quem me fez companhia durante os meses solitários de frio. Uma menina linda, divertida, com peitos gigantescos (é impossível não reparar ou comentar) e um estereótipo delicioso de italiana. Outra da terra dos mafiosos é a Barbara, uma figura bem ao estilo da Mina, sempre sedutora e minha companhia de comida e comentários atrevidos sobre clientes do restaurante. Daqueles que falam português, impossível não mencionar a Bia, que insistiu para que deixássemos ela escrever um post aqui sobre as impressões dela, uma loirinha linda e que se revelou uma maluca de primeira na noitada em que fizemos juntos, onde ela já chegou bêbada e perguntou para uma mulher gorda se ela andava tomando fermento. Fora as vezes em que ela sumia e a encontramos gritando com alguém: "me adiciona no faceboooooook!".

Além disso, a Claudia, portuguesa querida que foi meu primeiro contato no restaurante onde trabalhamos, culta, inteligente e engraçada, é apaixonante à primeira vista. E ainda mora com Neto e Pedro, dois brasileiros figuras que trabalhavam no mesmo restaurante, onde faziam sucesso com a mulherada que ainda se decepciona ao não encontrá-los no Nando's. E seria imperdoável não mencionar Samantha, uma chinesa completamente louca, sempre excitada e pronta para vir com uma pergunta do tipo: "qual é a posição sexual preferida?". Detalhe: em pleno almoço e dirigida ao chefe.

É muita gente, das mais múltiplas culturas e nacionalidades, dos lugares mais remotos do mundo. Ninguém substituindo vocês todos que nos fazem tanta falta, mas nos ajudando a preencher a lacuna e fazendo nossos corações crescerem para abrigar tanta gente. E antes do texto virar sentimental demais, vamos ao tradicional diálogo final. Mas antes, lembrem-se que ele foi produzido às 4 da manhã, após litros de bebidas alcoólicas:

- Phil, sabe por quê você não se dava bem com quem você queria ficar na sua adolescência? Porque você não era sincero! A falta de sinceridade é o seu problema.

- Mina, do quê você tá falando, sua bêbada?! Quando eu não fui sincero? Me fala agora as vezes em que eu não fui sincero.

- Hoje, por exemplo. Acabei de dizer que você só não se dá melhor porque você é muito distraído, não percebe as coisas.

- Mas Mina, o que a minha distração tem a ver com não ser sincero?

- Phil, distração e falta de sinceridade são exatamente a mesma coisa! E-xa-ta-men-te!

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Tonight's gonna be a good good night

Devo admitir que essa média de um post por mês não está muito legal. Vou tentar postar mais vezes e devo dizer que essa ideia de vocês pedirem coisas nos comentários funciona muito bem, porque ajuda a gente a pensar em novos posts e a pesquisar as coisas para contar por aqui. E para estrear essa novidade - além do novo visual do blog - vamos falar sobre os dois pedidos no post anterior: as farras e a movimentação LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros).

A primeira coisa a se dizer sobre Londres quando vamos falar de farra é que existe uma diferença gritante com o Brasil e que você percebe da pior maneira possível: você chega em um pub às 23h e uma hora depois você é expulso. E quando você está xingando o pub, você percebe que todos estão fechados. O que acontece aqui é que os ingleses saem do trabalho direto para os pubs, o que significa que às 22h já tem gente caindo pelo chão de bêbada. E a gente, acostumado a pegar o último metrô para sair, começa a perceber que aqui eles pegam o último metrô para voltar. Passado o susto inicial, começamos também a achar os lugares que eles chamam de open late, ou seja, abertos até mais tarde. Basicamente, pubs em Camdem Town e as boites, aqui chamadas de nightclubs ou só clubs.

Cidade misturada que é, Londres oferece opções de farra para todos os tipos de público sempre. Os bairros acabam sendo divididos pelo tipo de pessoa, mas você só percebe isso na predominância de um certo tipo, porque é completamente normal que galeras de outras "tribos" frequentem a noite de grupos diferentes. Existe respeito e aceitação em qualquer lugar - e muitas pessoas nem mesmo percebem que frequentam um bar gay até alguém falar que esse bar é gay.

O bairro mais "moderninho" de Londres é o Soho, que fica perto de alguns dos lugares mais frequentados por turistas, o West End, lugar de quase todos os teatros com os mesmos musicais da Broadway. A maioria dos lugares do Soho é frequentada majoritariamente por gays, mas não exclusivamente, nunca. A ideia do bairro é de pessoas abertas e liberais, onde você encontra de tudo um pouco, mas onde acontece uma coisa engraçada de parecer que ali fica uma versão gay do Mc Donald's, uma versão gay da Starbucks, uma versão gay do supermercado Tesco. Tudo porque os principais cafés e restaurantes estão lá, mas onde normalmente são frequentados por muitos gays que saem dos pubs e clubs ao redor. O que acontece é uma concentração, mas não segmentação desse público. E é lá que você percebe que as coisas em Londres tendem a ser diretas e dizer exatamente ao que vieram, como um bar chamado G-A-Y (não poderia ser mais direto) ou um restaurante chamado Hamburguer. Portanto, é muito difícil alguém se fingir de desavisado do tipo "ah, eu não sabia que esse bar chamado G-A-Y era um lugar gay" ou "você sabe se no Hamburguer eles servem massa?".

Pertinho do Soho, fica ainda Chinatown, onde centenas de restaurantes e supermercados chineses disputam a preferência das pessoas (a comida é ótima, mas o atendimento é terrível, o que chega a ser engraçado) e onde fica um dos bares e clubs preferidos nossos, o Ku Bar (o que, é claro, rende piadinhas do tipo "vamos ali naquele Ku" ou "nossa, esse Ku tá cheio hoje"). Lá, a música é pop, as pessoas flertam muito e tem 3 andares: um lounge para os casais, um bar lotado e um nightclub que "bomba" depois da meia-noite, quando os dois primeiros andares fecham. E é lá onde trabalha uma baiana ótima no guarda-volumes (e quando eu digo "guarda-volumes", eu quero dizer casacos).

Falando da diferença entre Rio de Janeiro e Londres: nesses lugares, o público é mais tranquilo, não existe aquelas coisas de dark room (quem já viu, sabe o que é) e tudo é respeitado e seguro. Já vimos um casal gay levar os pais de um deles (que tinham obviamente mais de 70 anos) para um club onde um deles comemorava o aniversário. Existe também um lugar mais frequentado por casais onde a bizarra decoração traz bonecas Barbie peduradas de cabeça para baixo no teto do bar inteiro, que é subterrâneo. E sobre a "pegação", que muitos de vocês safadinhos querem saber, Londres fica no meio-termo entre Brasil e Espanha. O mais comum aqui é que você conheça alguém, troque telefones e passe a sair em dates, traduzido nas legendas dos filmes americanos como "encontros" e que é bem como nos filmes americanos mesmo. Sair para beber ou comer e no final da noite a Jennifer Lopez ou a Sarah Jessica Parker talvez ganhe um beijinho. Mas não é tão difícil conhecer alguém enquanto está dançando e trocar alguns beijos. Mas não espere nada no sentido de beijar várias pessoas na mesma noite - isso é quase surreal por aqui e ninguém entende quando explicamos como funciona no Brasil.

Em outro ponto da cidade, um bairro chamado Vauxhall abriga a night mais pesada de Londres, com raves, nightclubs de música eletrônica, muitos lugares gays e drogas pesadas rolando soltas. Nós nunca fomos porque somos pessoas fofas que preferem os lugares fofos, mas é um lugar badalado e que funciona até mais tarde.

Mais perto do centro, onde fica o Soho e Chinatown, funciona ainda um dos nightclubs mais famosos de Londres, chamado Heaven. De quinta a segunda, festas especiais e shows de artistas que bombam nas rádios daqui acontecem lá. Na segunda-feira, ela é invadida por brasileiros, já que é uma festa sempre anunciada nas revistas brasileiras que existem aqui. Lá, a música também é pop e o público, apesar de mais gay, é bastante misturado. E lá foi a nossa primeira farra para comemorar a chegada da Mina em Londres. Mas os detalhes são impublicáveis.

Basicamente, em resumo, o que as pessoas costumam fazer em Londres é sair para beber. Durante o dia, elas fazem isso nos inúmeros parques e praças que existem pela cidade, muitas vezes acompanhados de piqueniques. Durante a noite, vão para pubs. Quando querem emendar, vão para os clubs e normalmente fazem isso direto. Alguns até saem de casa para a night, mas a maioria que vive aqui há muito tempo vai emendando uma coisa na outra e prolongando assim o dia - e a ressaca do dia seguinte.

E para fechar o post, como está virando tradição, um diálogo entre Phil e Mina, quando estávamos dançando na Heaven:

- Ih, Mina, olha... o nome da atendente é Angel, como sua amiga.
- Não, Phil... o nome daqui é Heaven, tá na cara que todos os atendentes são chamados de Angel.
- Claro que não! Olha aquele barman. Vamos ver se ele responde: Angel! Angel! Angel!
- Pára de chamar que a menina tá olhando pra gente de cara feia.