quarta-feira, 2 de junho de 2010

Tonight's gonna be a good good night

Devo admitir que essa média de um post por mês não está muito legal. Vou tentar postar mais vezes e devo dizer que essa ideia de vocês pedirem coisas nos comentários funciona muito bem, porque ajuda a gente a pensar em novos posts e a pesquisar as coisas para contar por aqui. E para estrear essa novidade - além do novo visual do blog - vamos falar sobre os dois pedidos no post anterior: as farras e a movimentação LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros).

A primeira coisa a se dizer sobre Londres quando vamos falar de farra é que existe uma diferença gritante com o Brasil e que você percebe da pior maneira possível: você chega em um pub às 23h e uma hora depois você é expulso. E quando você está xingando o pub, você percebe que todos estão fechados. O que acontece aqui é que os ingleses saem do trabalho direto para os pubs, o que significa que às 22h já tem gente caindo pelo chão de bêbada. E a gente, acostumado a pegar o último metrô para sair, começa a perceber que aqui eles pegam o último metrô para voltar. Passado o susto inicial, começamos também a achar os lugares que eles chamam de open late, ou seja, abertos até mais tarde. Basicamente, pubs em Camdem Town e as boites, aqui chamadas de nightclubs ou só clubs.

Cidade misturada que é, Londres oferece opções de farra para todos os tipos de público sempre. Os bairros acabam sendo divididos pelo tipo de pessoa, mas você só percebe isso na predominância de um certo tipo, porque é completamente normal que galeras de outras "tribos" frequentem a noite de grupos diferentes. Existe respeito e aceitação em qualquer lugar - e muitas pessoas nem mesmo percebem que frequentam um bar gay até alguém falar que esse bar é gay.

O bairro mais "moderninho" de Londres é o Soho, que fica perto de alguns dos lugares mais frequentados por turistas, o West End, lugar de quase todos os teatros com os mesmos musicais da Broadway. A maioria dos lugares do Soho é frequentada majoritariamente por gays, mas não exclusivamente, nunca. A ideia do bairro é de pessoas abertas e liberais, onde você encontra de tudo um pouco, mas onde acontece uma coisa engraçada de parecer que ali fica uma versão gay do Mc Donald's, uma versão gay da Starbucks, uma versão gay do supermercado Tesco. Tudo porque os principais cafés e restaurantes estão lá, mas onde normalmente são frequentados por muitos gays que saem dos pubs e clubs ao redor. O que acontece é uma concentração, mas não segmentação desse público. E é lá que você percebe que as coisas em Londres tendem a ser diretas e dizer exatamente ao que vieram, como um bar chamado G-A-Y (não poderia ser mais direto) ou um restaurante chamado Hamburguer. Portanto, é muito difícil alguém se fingir de desavisado do tipo "ah, eu não sabia que esse bar chamado G-A-Y era um lugar gay" ou "você sabe se no Hamburguer eles servem massa?".

Pertinho do Soho, fica ainda Chinatown, onde centenas de restaurantes e supermercados chineses disputam a preferência das pessoas (a comida é ótima, mas o atendimento é terrível, o que chega a ser engraçado) e onde fica um dos bares e clubs preferidos nossos, o Ku Bar (o que, é claro, rende piadinhas do tipo "vamos ali naquele Ku" ou "nossa, esse Ku tá cheio hoje"). Lá, a música é pop, as pessoas flertam muito e tem 3 andares: um lounge para os casais, um bar lotado e um nightclub que "bomba" depois da meia-noite, quando os dois primeiros andares fecham. E é lá onde trabalha uma baiana ótima no guarda-volumes (e quando eu digo "guarda-volumes", eu quero dizer casacos).

Falando da diferença entre Rio de Janeiro e Londres: nesses lugares, o público é mais tranquilo, não existe aquelas coisas de dark room (quem já viu, sabe o que é) e tudo é respeitado e seguro. Já vimos um casal gay levar os pais de um deles (que tinham obviamente mais de 70 anos) para um club onde um deles comemorava o aniversário. Existe também um lugar mais frequentado por casais onde a bizarra decoração traz bonecas Barbie peduradas de cabeça para baixo no teto do bar inteiro, que é subterrâneo. E sobre a "pegação", que muitos de vocês safadinhos querem saber, Londres fica no meio-termo entre Brasil e Espanha. O mais comum aqui é que você conheça alguém, troque telefones e passe a sair em dates, traduzido nas legendas dos filmes americanos como "encontros" e que é bem como nos filmes americanos mesmo. Sair para beber ou comer e no final da noite a Jennifer Lopez ou a Sarah Jessica Parker talvez ganhe um beijinho. Mas não é tão difícil conhecer alguém enquanto está dançando e trocar alguns beijos. Mas não espere nada no sentido de beijar várias pessoas na mesma noite - isso é quase surreal por aqui e ninguém entende quando explicamos como funciona no Brasil.

Em outro ponto da cidade, um bairro chamado Vauxhall abriga a night mais pesada de Londres, com raves, nightclubs de música eletrônica, muitos lugares gays e drogas pesadas rolando soltas. Nós nunca fomos porque somos pessoas fofas que preferem os lugares fofos, mas é um lugar badalado e que funciona até mais tarde.

Mais perto do centro, onde fica o Soho e Chinatown, funciona ainda um dos nightclubs mais famosos de Londres, chamado Heaven. De quinta a segunda, festas especiais e shows de artistas que bombam nas rádios daqui acontecem lá. Na segunda-feira, ela é invadida por brasileiros, já que é uma festa sempre anunciada nas revistas brasileiras que existem aqui. Lá, a música também é pop e o público, apesar de mais gay, é bastante misturado. E lá foi a nossa primeira farra para comemorar a chegada da Mina em Londres. Mas os detalhes são impublicáveis.

Basicamente, em resumo, o que as pessoas costumam fazer em Londres é sair para beber. Durante o dia, elas fazem isso nos inúmeros parques e praças que existem pela cidade, muitas vezes acompanhados de piqueniques. Durante a noite, vão para pubs. Quando querem emendar, vão para os clubs e normalmente fazem isso direto. Alguns até saem de casa para a night, mas a maioria que vive aqui há muito tempo vai emendando uma coisa na outra e prolongando assim o dia - e a ressaca do dia seguinte.

E para fechar o post, como está virando tradição, um diálogo entre Phil e Mina, quando estávamos dançando na Heaven:

- Ih, Mina, olha... o nome da atendente é Angel, como sua amiga.
- Não, Phil... o nome daqui é Heaven, tá na cara que todos os atendentes são chamados de Angel.
- Claro que não! Olha aquele barman. Vamos ver se ele responde: Angel! Angel! Angel!
- Pára de chamar que a menina tá olhando pra gente de cara feia.

5 comentários:

  1. só tenho uma palavra a dizer: inveja

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  2. tenho outras: tudo o que eu queria na vida era sair pra beber de dia

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  3. hahahahahahaha, o texto, além de muito bem escrito, é bem divertido. Esse diálogo do fim é hilário. Continuem contando mais notícias. Adorei o novo visual!

    Quanto ao fato de vocês serem fofos, lembrei de uma coisa: hoje estava cobrindo um festival de cinema francês aqui no Rio. Uma francesa chamou o brasileiro de "fofo". Aí, uma brasileira ao lado explicou a ela que não é legal chamar um homem de fofo, porque isso soa como "petit mignon", hahahaha.

    Beijos nos dois!
    Edu

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  4. hahahahahahaha

    medinho dos detalhes impublicáveis!

    adorei o novo visual!
    quero vídeos dos dois, não só da Mina chata falando sozinha hahaha
    brincadeira, te amo Minhoca!

    só tenho uma palavra a dizer: inveja +1

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